Hoje, 01 fevereiro, é comemorado o início do ano novo lunar e, portanto, um novo ano se inicia na China. Cada ano lunar é representado por um ciclo de 12 animais do zodíaco. Este ano é o Ano do Tigre, que representa bravura e coragem, características essenciais para os chineses este ano.
Preparamos um conteúdo que te ajudará a entender as prioridades e os desafios da China, que está na vanguarda da inovação tecnológica mundial, para esse novo ano que se inicia. Veja abaixo algumas das áreas que estão mais em voga no cenário chinês, antecipando tendências globais.
O que podemos esperar em termos de prioridades e desafios para tecnologia e inovação em 2022?
- Semicondutores: o calcanhar de aquiles da China.
Um dos fatores críticos na crise da cadeia de suprimentos durante a pandemia, e arma usada pelos EUA na disputa comercial, os Semicondutores, os famosos micro chips ou circuitos integrados, são prioridade máxima para garantir a posição da China como fábrica do mundo. Essenciais para basicamente todos os dispositivos eletrônicos, como automóveis, equipamentos médicos, 5G, indústria de defesa e telefones celulares, os semicondutores, certamente, são uma das prioridades chinesas e 2022 verá um aumento significativo nos investimentos locais.
A cadeia de suprimentos de semicondutores hoje é dominada por empresas estrangeiras, principalmente a TMSC de Taiwan. A China é responsável por cerca de 60% do consumo global e entre 2016 e 2020 importou mais de US$1 trilhão em semicondutores. Essa dependência é um calcanhar de Aquiles e de quebra torna a relação com Taiwan mais urgente.
Para alcançar a autossuficiência, o governo chinês já reservou US$ 200 bilhões para a construção de fábricas (“fundições”) de semicondutores. Buscando estar nas boas graças do governo em época de regulação apertada, gigantes como Meituan e Tencent anunciaram projetos bilionários voltados para desenvolvimento de semicondutores.
Apesar de desafios como geopolítica e o tempo hábil para alcançar as concorrentes, os chineses contam com fatores que favorecem o impulsionamento desta indústria no país, como: mão de obra qualificada, investimentos, e um potencial de mercado enorme.
As cenas dos próximos capítulos prometem e esse ano deve coroar novos players chineses nessa indústria.
- Veículos elétricos: tecnologia aliada à sustentabilidade.
A China é o maior mercado de veículos elétricos do mundo. Neste ano deverá consolidar cada vez mais sua posição. ajudará no esforço para reduzir as emissões de poluentes, buscando cumprir o compromisso anunciado por Pequim de se tornar neutra em carbono até 2060.
Há anos o governo chinês apoia o desenvolvimento dos chamados novos veículos de energia por meio de subsídios e outras políticas favoráveis. Mais de 1 milhão de veículos elétricos foram vendidos apenas no primeiro semestre de 2021.
Xpeng Motors, Li Auto e NIO são os principais players chineses de veículos elétricos. As duas primeiras mais que dobraram as vendas de janeiro/ 2022 em relação a 2021. A Xpeng teve um aumento de 115% em vendas, enquanto a Li Auto teve um aumento de 128%. As vendas da NIO – que é conhecida como “a Tesla da China” – cresceram quase 34%.
Em 2021, as vendas de veículos elétricos na China aumentaram 169%. Esta indústria está a caminho de atingir uma taxa de penetração de 20% em 2022 – 3 anos antes da meta do governo para 2025.
O crescimento da indústria atraiu muitos novos participantes com experiência em tecnologia. A Xiaomi, que é conhecida por smartphones, espera produzir em massa seus próprios veículos elétricos no primeiro semestre de 2024, enquanto a gigante das buscas Baidu montou seu próprio negócio de carros elétricos com a montadora chinesa Geely.
- Tecnologia de “fronteira”: rumo ao espaço!
As áreas identificadas pela China como “tecnologia de fronteira” estão voltadas para viagens espaciais. No plano de desenvolvimento governamental para os próximos cinco anos (lançado no início de 2021), Pequim ressaltou a prioridade do país em consolidar um pilar estratégico voltado para o auto aperfeiçoamento da ciência e da tecnologia como objetivo de desenvolvimento nacional.
Em 2021, a China alcançou progressos notáveis no espaço – incluindo o lançamento de sua própria estação espacial e as descobertas de água na superfície da lua pela Sonda chinesa Chang’E-5.
O desafio agora é se preparar para o envio da sua primeira missão tripulada a Marte em 2033. Além disso, os chineses precisarão descobrir como replicar o sucesso da SpaceX na tecnologia de reutilização de foguetes.
Quando se trata de inteligência artificial, as Big Techs chinesas – de Baidu à Tencent – estão investindo pesadamente, apresentando um futuro promissor.
- Lançamento da moeda digital: pioneirismo chinês e lições para o mundo.
A China é a primeira grande economia mundial a emitir uma moeda digital. O Yuan Digital superou a cifra de US$ bilhões movimentados. Em testes-pilotos desenvolvidos no país entre Abril e Julho de 2021, foram criadas mais de 21 milhões de carteiras digitais ativas. O país se prepara para o lançamento de sua “Digital Currency” durante os Jogos Olímpicos de Inverno de 2022 em Pequim.
Com a proibição da mineração e comercialização de bitcoins na China, mais e mais vendedores têm passado a aceitar o yuan digital e a moeda deve desempenhar um grande papel na próxima fase de expansão dos pagamentos online na China e na internacionalização do yuan.
Este é um movimento global e os chineses têm se destacado como grande referência para implementar esta tecnologia. O Brasil já tem planos de emitir sua moeda digital. O Banco Central brasileiro avalia as condições para implementar o que vem sendo chamado de real digital até o fim de 2022. Será que sai?
- Clima: em busca da política de carbono zero!
A China prometeu tomar medidas para alcançar a neutralidade de carbono até 2060. Parece um plano ambicioso, né? Mas o Partido Comunista Chinês não brinca em serviço.
Em dezembro de 2021, o país desenvolveu um plano de investimento usando autoridades governamentais em parceria com atores do setor privado. Espera-se que US$ 75 trilhões sejam investidos nos próximos 30 anos. O projeto inclui uma gama de indústrias de alta tecnologia que substituirão gradualmente as indústrias atuais da China por seu alto nível de consumo de energia e emissões de carbono.
Uma das maiores mudanças irá acontecer no setor de transportes, com a troca dos combustíveis fósseis por células de combustível de hidrogênio. É previsto que a nova tecnologia alimente o transporte rodoviário e marítimo de longa distância, assim como a aviação.
As empresas do setor de tecnologia climática podem esperar grandes projetos e picos de investimentos para os próximos anos!
Em resumo, a China pretende enfrentar um ano cheio de oportunidades de crescimento, e também de grandes obstáculos. Quais são as suas apostas? Os chineses conseguirão se destacar nessas indústrias? Esperamos ter te proporcionado insights extraordinários e convidamos você a navegar ainda mais no nosso blog e assinar nossa newsletter semanal para mais dados e novidades sobre o ecossistema de inovação chinês.
Fontes: Seetao, CNBC, Financial Times, Protocol, Investors, Fortune
